viernes, 21 de septiembre de 2012

Guinga & Quinteto Villa-Lobos – Rasgando Seda (2012)

 



(enlace)
buen provecho...






Guinga & Quinteto Villa-Lobos
01. Nem Mais um Pio (Guinga/Sergio Natureza)
02. Dá o Pé, Loro (Guinga)
03. Ellingtoniana (Guinga)
04. Nítido e Obscuro (Guinga/Aldir Blanc)
05. Exasperada (Guinga/Aldir Blanc)
06. Rasgando Seda (Guinga/Simone Guimarães)
07. O Côco do Côco (Guinga/Aldir Blanc)
08. Valsa de Aniversário (Guinga)
09. Destino Bocayuva (Guinga/Aldir Blanc)
10. Vô Alfredo (Guinga/Aldir Blanc)
11. Passarinhadeira (Guinga/Paulo Cesar Pinheiro)
12. Porto da Madame (Guinga)



Com arranjos de um de seus integrantes, o clarinetista Paulo Sérgio Santos, e dos convidados Paulo Aragão e Vittor Santos, o Quinteto Villa-Lobos realiza neste CD algo semelhante a um desfolhamento: pega as melodias intrincadas de Guinga e as abre em (pelo menos) cinco vozes, num exercício de polifonia que ressalta a complexidade e a beleza da obra deste que é um dos maiores compositores brasileiros de hoje (e não só de hoje).
"Rasgando seda" — o título do CD, extraído de uma faixa, também funciona como metáfora do que o quinteto faz com a música de luxo de Guinga — se situa na aqui propositalmente nebulosa fronteira entre erudito e popular. "O coco do coco" não deixa de ser um coco, "Vô Alfredo" não deixa de ser um frevo, mas o andamento fica mais lento, tudo ganha um tratamento camerístico, adequado a um conjunto de formação clássica.
Paulo Sérgio — parceiro de shows e discos de Guinga há mais de 20 anos e para quem foi feita uma das músicas que estão no disco, "Destino Bocaiúva" —, Antonio Carlos Carrasqueira (flauta), Luis Carlos Justi (oboé), Philip Doyle (trompa) e Aloysio Fagerlande (fagote) baixam a temperatura que as composições de Guinga têm quando interpretadas em formato popular (com o pandeiro marcando o ritmo, por exemplo), mas revelam o esqueleto delas.
Em "Ellingtoniana", a melodia é dissecada, cada sopro trilhando um caminho, como uma big band reduzida ao essencial. Em "Nítido e obscuro", manteve-se a abertura tradicional de Guinga ao violão, mas a entrada progressiva de outros instrumentos amplia a abrangência da composição. Os crescendos que o autor sabe criar com maestria voam com ainda mais encanto conduzidos por cinco sopros, como acontece em "Exasperada" e "Passarinhadeira".
Ao menos uma das músicas já parece ter sido feita para um conjunto de câmara: "Valsa de aniversário". É diferente de "Dá o pé, loro", em que violão de Guinga puxa o quinteto para o Nordeste. A participação do compositor em oito das 12 faixas é fundamental, pois muito da força de sua obra está em como ele a interpreta — o que até dificulta a difusão desta obra, mas é o preço que se paga pela originalidade das harmonias e de seu violão autodidata.
Guinga até canta em "Porto da madama" — rara letra de um autor que tem parceiros como Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro, Nei Lopes, Sérgio Natureza, Simone Guimarães e Mauro Aguiar —, momento em que o quinteto se recolhe ao pano de fundo, numa espécie de homenagem final ao compositor reverenciado.
Nas entrelinhas, outro homenageado é o maestro que dá nome ao grupo, pois Villa-Lobos sempre fundiu erudito popular. Não por acaso, é um dos ídolos de Guinga.





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